Uma pessoa chega a casa depois de um dia de trabalho e entra na rotina doméstica. Roupa confortável, ligar aquecimento, começar a preparar o jantar, TV ligada nas notícias. De repente, no momento em que tudo está em funcionamento, o quadro vai abaixo. Ligar a lanterna, procurar o quadro no hall da entrada e voltar a pôr tudo a funcionar.
Entretanto, durante a preparação da bolonhesa, começa-se a estranhar a ausência da Joy, não só porque a bolonhesa é a especialidade da casa, mas também porque esta é a sua hora predileta para fazer de canguru e bisbilhotar tudo o que andamos a fazer. Deve ter ido descansar um bocadinho para a sua cama, pensei. E a rotina continuou, até ser interrompida com um barulho fora do comum vindo do hall e toques repetidos da campainha. Quando abri, tinha o vizinho a tentar acalmar a Joy, enquanto a vizinha tentava proteger as compras que trazia da endiabrada de quatro patas.
Sim, ninguém reparou que a Joy ficou fora de casa. Felizmente, o hall é fechado e ela não tem acesso às escadas, se não a esta hora estava a beber umas jolas no café. Tendo em conta o aborrecimento do hall, presumo que ela tenha ficado à porta com o seu ar de "WTF?! Quando é que me deixam entrar? Já chega desta brincadeira, não?!" até ter visto a vizinha a sair do elevador cheia de compras e pensar "Ena, gente nova e sacos de compras que eu gosto tanto de chafurdar!!!". E foi, sem dúvida, o ponto alto do seu dia.
Agora imaginem isto da perspetiva da vizinha que saiu descansada do elevador.
Amanhã devo ter um abaixo-assinado de despejo.