quinta-feira, 7 de setembro de 2017

É verdade: fui ver uma tourada.

Embora seja uma vila com uma zona ribeirinha fantástica, de olhos postos no Tejo, as minhas poucas visitas a Alcochete têm tido como alvo as famosas (e maravilhosas) fogaças ou o Freeport, aquele gigante abandonado, mas apinhado de turistas.

No mês passado decorreram as muito conhecidas Festas do Barrete Verde e das Salinas. Nunca fui frequentadora destas festas, mas este ano tive um convite para ir assistir à Corrida de Toiros prevista para o último dia. A minha expressão imediata denunciou o desagrado, mas realmente nunca tinha assistido a nenhuma. Este facto não invalidava a minha opinião de que se trata de uma atividade brutal e primitiva. Ainda assim, aceitei na expetativa de compreender (pelo menos, um bocadinho) o encanto da coisa.

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Nota: levar calçado adequado a toneladas de areia...
Importa referir que o meu conhecimento na área da tauromaquia é nulo, por isso perdoem-me os entendidos por alguns episódios de ignorância.

Começámos logo bem, quando nos dirigimos para a Praça de Touros em cima da hora do início. O "espetáculo" começou e nós tentávamos entrar, enfiados numa fila enorme, de onde se ouviam alguns protestos contra a organização. Pelo que percebi, perdemos uma parte muito gira que acontece no início (as cortesias?). Quando entrámos, embora houvesse lugares marcados, não conseguimos chegar até estes, pois as escadas de acesso estavam entupidas de gente. Restou-nos assistir também nas escadas em modo "sardinha enlatada" até ao intervalo. A segunda parte foi um pouco mais cómoda.

verdade
Quase, quase em modo "sardinha enlatada"
Ora...e o que gostei deste espetáculo, perguntam vocês?!
Gostei da companhia. Gostei dos trajes dos cavaleiros e forcados (nada como uma boa recriação histórica). Gostei do ambiente animado nas ruas. Gostei da vista sobre o Tejo. E basicamente foi isso. Ah! E gostei da parte em que os cavaleiros desfilam pela praça apanhando os pertences que voam do público, devolvendo-os após um beijo. Na verdade, para verem a minha nulidade de entendimento, a primeira vez que aconteceu, pensei que alguém deixara cair o lenço e o cavaleiro apenas tinha sido um simpático em apanhar. Depois é que percebi o ritual. E claro que me imaginei logo a atirar umas meias mal cheirosas ou uma fralda já usada para ver se o entusiasmo era o mesmo... Adiante...

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Ora aqui está a devolução do pertence
em jeito de "não é o meu tamanho, toma lá!"
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Os protagonistas na arena
Não gostei (como previa) do sofrimento dos animais. Touros que são colocados em arena apenas para serem desafiados e massacrados. Cavalos que são treinados para desafiar touros, correndo o risco de levar uma cornada.

A tauromaquia é definida como a "arte de lidar touros bravos", como se fosse uma espécie de chá das cinco entre Nelson Mandela e Kim Jong-un. Para mim, é apenas uma atividade, entre tantas que já existiram ao longo da História, onde o Homem tenta demonstrar ser superior ao animal feroz, enquanto o brutaliza até à morte (muitas vezes, num confronto desigual). Em Portugal, "felizmente", ficamo-nos pelo sofrimento.

Compreendo a importância das tradições e até defendo que devam existir pelo bem da individualidade que caracteriza as diferentes gentes. Mas, a par da evolução destas gentes, também as tradições evoluem. Se assim não fosse, continuávamos a vibrar com o sangue dos gladiadores romanos, a queimar bruxas na fogueira, a aplaudir mortes ao vivo em praça pública ou a fazer sacrifícios animais (e não só) em prol dos deuses.

Continuo sem compreender as touradas.

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Depois admiram-se...
verdade
E agora sem o paninho?!

3 comentários:

  1. eu, honestamente, odeio touradas, acho mesmo vil e atroz.
    Nunca vi nenhuma ao vivo, mas acho que foste bastante corajosa em tentar conhecer.

    https://algodaodoce1234.blogspot.pt/

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    1. A minha opinião sempre foi esta. Agora apenas tenho a experiência, que em nada mudou a opinião.

      Obrigada!
      Beijinhos :)

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  2. A tourada é um grande desrespeito com o animal, na Espanha mesmo a prática já foi proibida. É inadmissível que isso ainda exista no Brasil, assim como as vaquejadas.

    www.estante450.blogspot.com.br

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