Fugir aos temas do mundo feminino que inundam a blogosfera e dar lugar a tantas outras coisas boas da vida. Foi sob este lema que a Joana do blog
Cor sem Fim deu o pontapé de saída para o projeto
ACMA - A Cultura Mora Aqui. Todos os meses, um tema. A partir deste, muitas partilhas sobre música, televisão, cinema, decoração, livros, histórias, receitas, jogos, experiências e tantos outros assuntos. É com grande satisfação que me junto a este projeto, pela primeira vez, no mês dos
(Re)Começos.
Decidi, então, falar-vos de livros que podem ser uma excelente fonte de inspiração para dar aquele passo em frente que nunca mais chega. Ou simplesmente para acompanhar e dar mais força às mudanças que estamos a viver. Sem pretensões de qualquer "intelectualismo literário" e sem qualquer ordem em particular, deixo-vos algumas sugestões de livros onde vivi algum tempo e fui muito feliz. Livros onde a palavra de ordem é, sem dúvida,
(re)começar.
As Cores da Amizade de Lisa Verge HigginsIronicamente, é na morte que apreciamos a vida. Até este momento, perdemos tempo e deixamos tantas coisas boas por acontecer. O enredo, simples e de leitura levezinha, inicia quando Rachel Braun morre cedo demais, deixando um desafio a cada uma das suas três melhores amigas. É a partir destes desafios que as três mulheres recomeçam as suas vidas e despertam para a alegria de viver.
Chocolate de Joanne Harris
Para mim, quase um clássico, porque é a Joanne Harris e (claro!) estamos a falar de chocolate. Esta é a história de uma mãe solteira, que decide mudar-se com a filha para uma pequena aldeia muito conservadora, onde abre uma chocolataria. É através do chocolate (em vários formatos, texturas e sabores...hummm) que são retratadas várias questões como a liberdade de expressão, a igualdade de género, a discriminação racial ou a importância dos pequenos prazeres da vida. O próprio estilo de vida nómada da protagonista é questionado, pois um recomeço nem sempre significa partir...
A Noite de José Saramago Verdade seja dita que o texto dramático é um dos parentes pobres da literatura, sendo raramente lembrado fora dos palcos. Porém (ou não fosse esta uma das minhas praias preferidas), deixo-vos uma sugestão neste género. Em primeiro lugar, porque nem todos sabem que Saramago também escreveu para o teatro (e com pontuação). Em segundo lugar, porque esta peça retrata uma das noites mais importantes da nossa história: 25 de Abril de 1974. A ação decorre numa redação de jornal. E Portugal prepara-se para recomeçar, após uma longa ditadura.
Meditação e Mindfulness de Andy Puddicombe Esta é uma das minhas leituras atuais e ainda não terminei. Mas o que já li é suficiente para gostar e recomendar, tendo em conta que falamos de (re)começos. Andy estava a meio de uma licenciatura quando, com 20 anos, decidiu partir para os Himalaias para estudar meditação. Na bagagem uma série de ideias pré-concebidas, que herdamos dos filmes e das histórias que ouvimos. Ao longo de 10 anos, viveu inúmeras experiências, que o levaram a tantos outros destinos, tendo acabado como monge budista tibetano. Mais tarde, volta à vida tradicional e traz-nos o Headspace, sendo uma referência no que toca à meditação e ao mindfulness. Excelente para recomeços de alma e de perspetiva sobre o que nos rodeia.
O Livro de Cozinha da Marta de Marta Varatojo
Descobri a Marta por acaso na Internet, no início deste mês, e devorei o seu livro de cozinha num ápice. É verdade que estou a atravessar uma fase de reeducação alimentar e, por isso, as condições para ter interesse por este tipo de livro estavam criadas, mas valeu a pena. Mais do que um conjunto de receitas (algumas das quais já experimentei), a primeira parte deste livro preocupa-se em oferecer-nos uma visão muito clara e interessante sobre a alimentação macrobiótica e a sua estreita ligação ao equilíbrio Yin Yang. Uma excelente leitura para quem deseja adquirir novos hábitos alimentares, exclusivamente (ou não) macrobióticos.
Cortei as Tranças de António Mota Para o público mais jovem, proponho a história de Marta. Certo dia, recebe o telefonema que ditaria a sua vida: a mãe acabara de morrer, vítima de um acidente de viação. Assim, decide cortar as suas tranças, que a mãe tratava com tanto carinho, e vê-se obrigada a crescer. E, de repente, a vida muda por completo. Até porque os recomeços podem acontecer em qualquer altura e em qualquer idade.
Comer, Orar, Amar de Elizabeth Gilbert Um dos livros sobre recomeços por excelência e um dos poucos cuja adaptação para o cinema é absolutamente divinal. Esta é a autobiografia de uma jornalista que decide largar tudo o que tem para se encontrar. Itália, Índia e Indonésia são os palcos onde nos deliciamos com sabores, cheiros, cores, experiências, formas de estar e de olhar a vida. Sem dúvida, uma viagem física e espiritual que todas as mulheres todos deveriam realizar. Quanto mais não seja, acompanhando a protagonista nesta aventura. [Nota: impróprio para apreciadores de gastronomia italiana]
Livro de José Luís Peixoto Não podia faltar um dos meus escritores de eleição com aquela que julgo ter sido a sua melhor obra até à data. Quem decidir navegar no Livro, título da obra e nome da personagem principal, deve estar preparado para uma história densa com um foco muito cru sobre a emigração portuguesa, uma história sobre a qual não podemos desviar o olhar, sob pena de nos perdermos. Ilídio é abandonado pela mãe e, sozinho, espera-a numa angústia que também é nossa; ela não regressa. Dá-se, então, o (re)começo.
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