Dizem-se cristãos.
São modernos, estão nas redes sociais e apontam o dedo: a este e àquele, a todos os comportamentos desviantes da lista sagrada. São juízes de bancada e ditam todas as sentenças. Fotografam, publicam, comentam. E sorriem muito. A alegria, a felicidade, a fraternidade cristãs numa partilha com o mundo. Assume-se a identidade do reflexo.
E para além do reflexo?
Parecem pagãos.
Pararam num tempo em que os sacrifícios humano e animal são necessários para agradar os deuses e uma forma de entretenimento de um povo pobre de espírito, de dignidade e ignorante. Juntam-se para contemplar o espetáculo da carnificina, fotografam, filmam, riem, sorriem. Rejubilam com o sofrimento. No cimo, um gato a que chamam animal aguarda a seu iminente sofrimento até à morte; em baixo, os animais a que chamam humanos inundados de poder e divertimento.
Noutros tempos, importou exterminar a raça pagã. Em nome de um Deus e a qualquer custo, o objetivo foi cumprido. Ironicamente, herdaram-lhes os rituais a que hoje dão o nome de tradições. Uma nova máscara para a mesma essência: o selvagem que se diz humano.
Hoje a lista é curta, mas com um desejo quase utópico.
Há momentos em que é impossível desejar mais do que aquilo que já deveríamos ter alcançado: humanidade.
Photo: Pinterest |
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