Li algures recomendarem este livro a todos os que gostaram d' A Rapariga no Comboio, por isso fiquei logo com uma pontinha de curiosidade. Não conhecia o autor e estava longe de imaginar o que estava pela frente. Mas esta foi uma "viagem" que valeu muito a pena!
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Não vou dizer que se tornou num dos meus escritores do coração, porque isto não é assim à primeira leitura. Digamos que o Sr. Tremayne conseguiu lançar o seu charme, surpreender e estamos agora na fase do "conhecermo-nos um pouco melhor". Isto porque, com uma escrita simples e linear (ao contrário da Paula Hawkins), consegue conduzir-nos num desespero página após página até ao fim. E por "desespero" entenda-se aquele nervosozinho irritante que se entranha no estômago e nos faz parecer um junkie: "só mais este bocadinho... já agora, leio mais este bocadinho... vá, só até ao final do capítulo..."!
O caso não é para menos. Imaginem uma criança super cutchi cutchi, que parece ter o dom de adivinhar algumas coisas (e até aqui pensamos em levá-la à Casa da Sorte para jogar forte e feio no Euromilhões), de repente dizer-vos sem papas na língua e de forma muito assertiva: "Vais morrer no Natal!". Como devem calcular, a partir daqui é sempre a arrepiar (literalmente) caminho até ao final...
[algum blá blá blá mais intelectual...]
Como já referi, a escrita é simples e, por isso, a leitura acaba por ser agradável e leve, ao contrário do enredo que começa a pesar página a página, adensando-se num labirinto esquizofrénico, onde por vezes nos perdemos com a protagonista na sua loucura. Excelente criação de personagens, desenhadas com pormenor e que nos sugam para dentro da narrativa. A descrição dos espaços, tendo a Cornualha como palco, é feita de forma muito crua: facilmente conseguimos ver o céu cinzento, a frieza e a humidade das minas, a agressividade do mar, o isolamento das matas.
Este foi daqueles que valeu a pena!
Tremayne, podes continuar a mandar vir!
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