Tudo o que implica tirar uma senha deixa-me com os nervos em franja, porque normalmente é sinónimo de longas esperas. Felizmente, desta vez, não me posso queixar, pois não criei raízes, mas permitiu-me observar comportamentos que muitas vezes temos e nem pensamos muito neles.
Na verdade, constatei que é incrível a figura que fazemos quando tiramos uma senha:
1 - Na dúvida de nos enganarmos na senha, tiramos uma de cada, não vá o próximo passar-nos à frente; quando percebemos qual é a correta, colocamos as restantes disponíveis para quem vier a seguir (que passa a ter o trabalho de ver o que lhe interessa).
2 - Olhamos para o número da nossa senha e verificamos no monitor em que número está; fazemos um rápido cálculo mental, que em alguns casos pode levar a desistências.
3 - Procuramos uma cadeira e preparamo-nos para vegetar.
E a coisa poderia ficar por aqui, mas agora começa o mais interessante:
4 - Enquanto sentados, olhamos para o número, não vá termos confundido e alguém passar-nos à frente.
5 - Voltamos a olhar para o monitor para confirmar que ainda está no mesmo número.
6 - A cada sinal sonoro, que identifique uma nova senha, repetimos os pontos 4 e 5.
Basicamente, as senhas tornam-nos dementes, com indícios de síndrome obsessivo-compulsivo.
E, para terminar, quando chega finalmente o nosso número, dirigimo-nos com pressa para o balcão, não vá alguém passar-nos à frente. Porque tuga que é tuga não gosta de ser enganado.
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