Há pouco estava a navegar pela atualidade facebookiana, quando me deparei com algo curioso e, infelizmente, recorrente nos dias que correm: o efeito dominó da notícia que se refere à consagração de Nélson Évora como campeão europeu.
No rescaldo da euforia que o Euro 2016 nos ofereceu, vários facebookianos começaram a partilhar outras vitórias dos nossos atletas nas mais variadas modalidades, incluindo esta. O problema é que poucos certamente abriram o link de acesso à notícia e, por isso, não repararam que a mesma data de... 07 de março de 2015! Ora, não deixando o nosso Nélson de ser um grande orgulho português que supera muita bandeira que por aí anda, facto é que há 5 dias atrás não conseguiu qualificar-se para a final do triplo salto nos Europeus de Atletismo. O que é chato numa altura em que é apresentado como campeão europeu...
Embora esta situação possa parecer insignificante e até caricata, acaba por levantar dois aspetos que merecem reflexão. Por um lado, mostra-nos que, na realidade, não acompanhamos as modalidades desportivas para além do futebol, a ponto de nem sequer sabermos o que por lá vai acontecendo; acredito que muitas das partilhas que têm surgido (com vitórias atuais ou não) apenas aumentaram por arrasto do êxtase da nossa seleção. Por outro lado, como membros desta grande sociedade virtual, estamos a contribuir para a desinformação, ao difundir acontecimentos que nos conquistam pelos títulos apelativos e sobre os quais não nos preocupamos em saber mais, por preguiça ou até mesmo por real desinteresse.
Vejo um mundo em que a teoria tem vindo a defender a liberdade de pensamento e de expressão, enquanto a prática tem vindo a aniquilar a capacidade de reflexão e de argumento. Se queremos o respeito e reconhecimento daqueles que estão de fora, não deveríamos ser os primeiros a fazê-lo a nós próprios?
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